quinta-feira, 16 de julho de 2009

O Caminho do Reiki e o Conceito de Doença

Qual a natureza da doença? Muitos de nós têm uma ideia errada sobre este tema. Nada na vida é permanente. A doença e a saúde fazem parte do mesmo pacote da vida, como as duas faces de uma moeda.

Mais perigoso do que qualquer doença são os nossos conceitos mentais, os nossos julgamentos, o nosso desejo da felicidade e evitar o sofrimento. Mas a felicidade e o sofrimento são estados mentais. Uma pessoa pode estar feliz estando doente, ou infeliz e saudável. Então, todos nós podemos alimentar a nossa atitude interior de gratidão: lembrando o terceiro princípio do Reiki – “Kansha Shite” (em Japonês) – Sou grato!

Quando pensamos em doenças, vêm-nos à mente certas memórias do passado. Essas memórias podem ser nossas ou de outrém. Essas memórias formam teorias e conceitos na nossa mente. E com essas teorias condicionamos o nosso ser. A maior parte desses condicionamentos nada têm a ver com a realidade; podem nascer de uma concepção social, cultural e religiosa errada que já tem milhares de anos; podem nascer de algo que já foi verdade, mas que já não é; podem nascer da ética moral da nossa sociedade ou do nosso grupo étnico; podem nascer da filosofia da nossa família ou do nosso círculo de amigos. Também no Reiki, nós, como grupo, temos de ser cuidadosos para não criarmos novas crenças que nos impeçam de acarinhar a vida na sua totalidade.

O conceito mais comum é que a doença é um castigo divino. “Fiz qualquer coisa errada e portanto, estou doente.” Esta crença é triste e tem que ser abandonada rapidamente.

O divino quer que sejamos saudáveis e íntegros! Íntegro e saudável é aquele que vive de acordo com o que está a acontecer agora – seja o que for: azares, dificuldades financeiras e até mesmo a doença!

Outro conceito é que as coisas acontecem por alguma razão: Quando temos um furo num pneu e pensamos que tivemos o furo para evitar que tivessemos um acidente uns quilómetros à frentre! As coisas acontecem, simplesmente. A vida não precisa de razões…

A doença nunca é, exclusivamente, o resultado de um único factor. Cada doença é um puzzle de muitas peças. O meio ambiente, a psique, a comida, o karma, as pessoas com quem estamos, os pensamentos e as emoções que temos, o trabalho que fazemos, o sítio onde moramos – tudo tem um papel na doença.

Para ter uma certa doença, o corpo tem de ter primeiro uma afinidade genética com ela. A afinidade é o primeiro pré-requisito para a doença. Uma pessoa que não tem tendência para cancro do pulmão poderá eventualmente fumar a vida inteira e viver muitos anos e nunca contrair a doença.
Uma vez que o pré-requisito é dado, o corpo pode reagir física/mentalmente ao ser atingido no seu ponto mais fraco. Mas não podemos dizer que apenas um factor torna o corpo doente. Dizer que uma pessoa está a perder a visão porque não quer ver, é simplesmente ridículo. Todos nós temos coisas que não queremos ver – tudo bem! – mas não é isso que vai adoecer o nosso corpo. Mesmo que isso fosse verdade (e há casos em que sim) não promove a cura dizendo-o, porque esta teoria promove a culpa na pessoa. E a culpa é o pior veneno que há!

Temos de fazer a distinção entre todos os níveis da existência: corpo, mente e alma. O corpo e a mente podem estar doentes, mas a alma está para além da doença. A alma é sempre inteira, está para lá dos nossos conceitos e filosofias. A palavra “alma”, não se refere à “alma individual”. Alma deve ser vista como algo de muito maior do que a chama individual; deve ser vista como um fogo que consome tudo. É mais colectivo do que pessoal. Não é a Alma que está em nós, mas nós é que estamos na Alma, como um peixe a nadar no oceano.


O mais importante é a atitude interior. Alimentando um estado de gratidão com tudo o que se encontrar. Agindo apenas de forma a sentir orgulho em nós, sempre que olharmos para trás. Observando os pensamentos e emoções e ficando apenas com os que forem saudáveis. Parando quando percebermos que estamos a entrar num padrão de emoções e pensamentos destrutivos.
Cuidando do corpo sem criar tensões com o regime diário. Se o exercício e uma dieta rigorosos forem demasiado fortes, não trarão benefícios. Se nos sentirmos atraídos por uma dieta vegetariana, isso pode ajudar-nos a seres mais saudáveis. Mas isto não funciona para toda a gente: se o corpo pede carne e peixe, devemos respeitar e saber ouvir a sabedoria do corpo. O nosso corpo sabe o que é melhor para nós! Temos apenas de aprender a distinguir entre a sabedoria do corpo e os desejos da mente. Se nos apetecer comer só um determidado alimento, então é porque algo de estranho se passa…

Muitos de nós que praticam Reiki parecem adquirir o hábito de sermos dadores compulsivos. Faz-nos sentir bons e nobres por um lado, mas desgasta-nos por outro.

Estamos preparados para receber, para sermos vulneráveis e temos necessidade de ser abraçados, tocados e amados. Este hábito de dar compulsivamente é um nó difícil de quebrar. Só podemos ajudar os outros quando nós próprios estivermos bem!

Para aqueles de nós que ensinam Reiki – ou que ensinam qualquer outra coisa – há uma questão que desempenha um papel muito importante na saúde. Pergunta-te se: “Vives aquilo que ensinas. Ensinas os princípios de Reiki aos teus alunos? E tu? Segue-los? Integraste-os na tua vida? Ensinas amor incondicional, a ausência do ego, tranquilidade e meditação. E a tua vida interior? És tranquilo, ausente de ego e meditativo?
Ou finges que és alguém ou algo que não és? Pensas que és muito importante ou és um simple ser? Quando ensinas, não é necessário criares uma determinada imagem de ti próprio. Simplesmente, sê tu próprio e descansa no estado natural…”

Parando alguns minutos e descansando num momento pacífico que não contém tensão, preocupação ou problema… é que podemos encontrar-nos e aprender a viver…


Os Cinco Princípios do Reiki

Kyo dake wa Só por hoje
Ikaru na Sou calmo
Shinpai suna Confio
Kansha shite Sou grato
Goo o hage me Trabalho arduamente
Hito ni shinsetsu ni Sou bondoso

Bibliografia
Textos de Frank Arjava Petter

Carlos Manuel Silva/ Associado Nº APR-000275/PT

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